Cidade de Deus é uma das obras cinematográficas brasileiras com maior prestígio de todos os tempos. Com quatro indicações ao Oscar, a trama mostra a realidade da violenta comunidade situada no Rio de Janeiro, nas décadas de 60 e 80. Tem como protagonista Buscapé, um jovem morador apaixonado por fotografia que acompanha o desenvolvimento do ambiente onde cresceu assim como o do crime organizado.
Após Buscapé presenciar o assassinato de um dos assaltantes da Cidade de Deus, ele observa um fotógrafo registrando o acontecido, ali é despertado o desejo pela fotografia. Para ele, esse é um meio de entrar para a sociedade oficial e se afastar do mundo ilícito. Na segunda parte do filme, a técnica de linguagem fotográfica do filme passa a ser gravada com a câmera na mão, abordando o olhar fotográfico que o protagonista passa a ter.
É iniciada uma guerra no lugar que acaba recebendo uma grande atenção no jornal. Consequentemente Buscapé começa a trabalhar no tal jornal, por ser o único a conseguir imagens exclusivas da disputa. Algo que acaba sendo bom para ambos os lados. A visibilidade na mídia era como um reforço de poder na comunidade e fora dela.
É óbvio o papel da fotografia na vida do personagem: promover a visibilidade de camadas marginalizadas e não mostradas à sociedade. Suas fotos transmitem diversas informações importantes de valor social imensurável, é capaz de flagrar todo o ciclo de violência através de sua câmera.
Cidade de Deus é uma produção que se tornou um marco para o cinema nacional, enaltecida pela crítica, que nos convida a refletir sobre realidades que são muitas vezes ofuscadas e não mostradas. Além de tudo isso, mostra a importância da fotografia e do fotojornalismo como ferramentas de denúncia social.
Yasmin Vieira